quarta-feira, 22 de abril de 2009

Não mais sua...


"Aos poucos vou me achando nestes tantos pedaços espalhados no meu chão, vou me colando, me reconstruindo. Gostaria de garantir que não mais me quebrarei, é a vida e é impossível, disso eu sei. Mas, me farei mais forte, serei mais forte, e colarei tão forte todo e cada pedacinho meu, que não serei mais insuportávelmente frágil como sempre.
É fato, levaste minhas cores, só não sabias que eu também gosto do preto e branco, e até curto esse ar retrô, que o black and white oferece. Sobrevivo bem na ausência descolorida, e cada dia com menos dor, viu? E para isso, lembrarei quando necessário, das lágrimas que borraram meu rímel, mas que também me refrescaram, das dores que senti, consequências do que intensamente vivi.
E vivendo assim, um pouco mais forte, assim, serei resultado de mim mesma, sempre reconstruída, nunca destruída... E definitivamente, tá bom (eu admito) por ora, não mais sua".

[Rafaella Rocha]

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu me tranco...



Sabe o que é?! Eu... bem, eu me tranco. Como assim?! Bom, eu vivo tampando minha boca, para que dela não saia nada, nadica de nada. Acho que o dia em que eu gritar, deixarei o mundo inteiro absorto e surdo, pois sei que o que trago aqui trancado com essas mil chaves, são meus mais sinceros e maiores sentimentos. Vejo quem consegue se abrir, ser claro como água, e que sara tão rápido que nem parece que um dia esteve ferido, sim, hei de admitir que sinto uma breve inveja. Breve, sim, pq em minha concepção, sentimento de verdade, machuca muito, nos deixa temporariamente insanos, e no final das contas não sinto tanta inveja assim de quem não se entrega de forma inteira pro amor ou pra dor.

Confesso que gostaria muito de ter a coragem que os bravos tem, coragem pra chegar naquela pessoa e dizer tudo o que ela merece ouvir. Chegar e dizer:- Ó, não me acho lá muita coisa, mas eu sou uma pessoa tão bacana. Sem contar que eu te amo de verdade, não te amo como todo mundo ama, pelo contrário, meu amor por ti não é igual a nada, de tão maior que é. Então, se você nos der uma chance, ótimo. Caso não quiser dar, beleza! Vou nessa, e não vou mais olhar para trás, viu? -E sair totalmente poderosa, com a certeza de que disse o que queria e de que farei o que disse que faria.

Mas, não, isso eu não faço, eu me calo. Na verdade não me calo, apenas tranco essas milhões de vozes histéricas aqui dentro de mim, e me assusto com a potência dos meus gritos internos quando o assunto é você. Que destino cruel escolhi para mim, na prateleira haviam algumas propostas bem coloridas e brilhantes, mas olhei pro fundo e vi aquele lá, meio esquecido, meio escuro e atraente. - Eu e esse meu gosto meio doido, por coisas diferentes e misteriosas! - Lamento em voz alta, ou terá sido baixa? Nem sei mais em que volume grito, ou em que silêncio me calo.
Sei que até sou muito falante, até me expresso bem, mas tranco metade do que sinto. E eu não sei por qual razão o faço, não sei se é por vergonha, ou por medo de que todos saiam correndo ao saber que sinto tanta coisa. E quando eu digo todos, me refiro muito á você, sim, tenho medo que me aches muito louca ou no mínimo uma psicopata alucinada por ti. E só pra esclarecer, não, eu não sou nada disso. Sou apenas alguém que te ama, não esconde, mas não mostra tanto. Deveria?! Não sei, meu medo de sentir é quase tão grande com o medo de ser rejeitada. Assim, na minha cabeça rejeitar um amor como esse meu, seria tua maior burrice, seria sim. Mas, correr o risco de você pensar o contrário, me tranca, me pára, me estanca.
Ando sufocada, essas correntes em minha garganta me impedindo de falar, me impedem também de respirar, e hoje acordei sem ar. Queria que você me desse ao menos uma pista, uma dica, qualquer coisa. Enquanto me tranco pra não gritar, penso que você se tranca para se esconder. O que temes? É de mim que tens medo? Seria bom, pra variar ter alguma resposta tua, sabe? Agora além de meus gritos e medos, trancarei esse punhado de interrogações. Se um dia você mudar de ideia, fale, mas fale esse tanto que sei que guardas aí dentro, tuas palavras sem dúvidas destrancarão as minhas.
Enfim, é sempre assim, eu me calando pra não te fazer correr, e você se calando e me fazendo sofrer...
[Rafaella Rocha]
P.S: Odeio quando o blog dana e desorganiza meu texto todo... ¬¬

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Jogos e mais jogos...




Eu não sei você, "Pessoa Que Me Lê", mas eu estou farta desses joguinhos de amor. Fomos todos ensinados e treinados para emitirmos sinais diferentes daqueles que queremos emitir, tudo fundamentado por uma tática de jogo. Aí o que já não é assim tão simples, fica impossivelmente mais complicado, é impraticável, caramba. Se ele diz que eu sou a melhor mulher do mundo, mas me trata como lixo, o que é verdade e o que é tática nisso? Quando ele se exibe todo, sabendo que vou querer morrer por ele ser tão perfeito, ele faz isso sem nenhum objetivo cruel, ou faz pq sabe que vai me deixar ainda mais desvairada?
Me pego tentando interpretar o que ele tava querendo dizer, quando disse todas aquelas palavras. Ué, como assim? E ele falou em algum idioma diferente do meu? Não, ele falou em português claro e óbvio, porém não sei se ele disse o que quis realmente dizer, ou se foi apenas só mais uma tática desse jogo ímprobo e lancinante. É quando minha cabeça já cheia de interrogações, gira mil vezes mais com mais um milhão de interrogações novas, que as palavras dele provocam. Isso acontece com todo mundo, eu sei. Sei bem que a maioria das pessoas, também se pegam tentando adivinhar se existe relação entre o pensado e o dito.
Mas, é fato! É cansativo e massacrante demais. E eu, "Pessoa Que Me Lê", sinceramente, não aguento mais. Eu queria algo que fosse mais simples, não menos brilhante, apenas menos difícil, aliás, antes fosse somente difícil, queria algo menos impossível de viver. Digam-me, é tão irrealizável assim, dizer de verdade o que se quer?! Tá, eu confesso que também sou jogadora, que por milhões de vezes balancei mais lentamente os cabelos e olhei de um jeito penetrante e nada inocente, sim, eu vivo jogando.
Ah, só que cansei disso, não pq enjoei da beleza do jogo, é algo bonito e intenso, duas pessoas usando de artimanhas para conseguir atingir algum objetivo aparentemente em comum. Sim, não é desse lance mágico que rola no jogo, que me refiro quando digo que estou cansada, falo das jogadas sujas. Sabe? E também do fato de ser necessário isso de perdedor e vencedor. Quer dizer que é assim? A pessoa desperdiça tempo, energia, razão, paixão e outras coisas mais, para no fim de tudo, o oponente que no final das contas deveria ser parceiro, se mostrar ínfimo o suficiente pra jogar super sujo e te dar um xeque-mate emocional? Isso lhes parece justo?

Pois, bem... Quanto ao jogo da sedução e conquista, sou culpada, admito que jogo sempre querendo ganhar, óbvio. Mas, eis neste ponto que exprimo meu cansaço e revolta, eu jogo sim, mas não na intenção de destruir o jogador á minha frente. Não não, se o fiz ou o faço, é involuntário por de mais. Sei que já cruzei em algum tabuleiro, campo, quadra... da vida, com pessoas que não queriam destruir o meu jogo, e que já destrui alguém propositalmente, claro. Porém, game over pros joguinhos de maldade, se for pra jogar, que seja, limpo. Sim?
Hummm... Então, ficarei aqui, tentando adivinhar se o que ele me diz, é o que ele sente, ou se é apenas para me distrair e roubar a minha rainha, ou fazer um gol, ou me tomar a Rua Augusta e cobrar aluguéis altos, ou conquistar o meu país, ou descobrir que eu sou o assassino, e etc... Cansada de jogar sujo, sim! Mas ficar fora do jogo?! Jamais...

Ou não, né?! Nunca se sabe...



[Rafaella Rocha]
P.S: Pq Rafaella não pára de escrever porcaria e vai dormir, hein? Pergunta que não quer calar...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Ridiculamente apaixonada...


"Olha, eu te amo tanto e você sabe... Sou capaz de tudo se preciso... Só pra ver brilhar a todo instante... No seu rosto esse sorriso..." (Roberto Carlos)



Hoje eu saí, saí para me distrair, sabia que se ficasse em casa, seria tudo ainda mais complicado. Pq hoje? Pq hoje acordei naqueles dias, naqueles dias em que tudo o que mais queria na vida, era você. Sabe quando por mais que você ocupe sua cabeça, tem algo maior do que tudo, ocupando e tomando teus pensamentos? Bom, é assim que eu fico quando acordo te querendo ainda mais do que antes. Nada do que eu fiz hoje, tirou nem por um segundo você aqui de dentro de mim, nada. Já disse aqui, nesse pedaço de papel, que isso sempre passa, eu sei que passa. Só que é doloroso chacoalhar a cabeça na intenção estúpida de te expulsar daqui, como os desenhos animados fazem, digo isso rindo.


Sim, estava contando que tinha saído, né?! Acabei me perdendo mais uma vez, você sempre faz com que eu me perca! Bom, eu estava tentando, inultimente, é bem verdade, tirar você de foco. Lá estava eu, sentada, conversando besteira com as amigas e obviamente falando dessa paixão enlouquecedora que resolvi sentir desde que te vi. Eis, que no meio daquele povo sem graça e barulhento, surge alguém, meu coração acelerou, claro. Coloquei o óculos para poder ver melhor, virei a cabeça de um lado e de outro... Seria você? Por mais que meus olhos se confundissem, meu coração ria dessa atitude palhaça de achar que eu teria dúvidas caso te visse. Obviamente não era você, era alguém muitíssimo parecido, até sorri, pensando que essa seria a solução dos meus problemas, alguém parecido contigo. Embora, fosse praticamente uma cópia sua, meu corpo não tremeu quando vi aquele lindo rapaz sorrindo. Não, definitivamente, ninguém, nem por mais idêntico que fosse, seria pra mim o que você é.

Não desmerecendo o moço, ele era muito bonito, como você é, mas meus instintos nem falaram baixinho, nada, nem uma palavra. Aliás, até falaram, disseram que por mais lindo e parecido contigo, o sorriso e o jeito não seriam os SEUS. E realmente não era, teu sorriso brilha muito mais do que todos os que já vi. Em você, é tudo tão mais bonito e perfeito, mais complicado, sempre, mas muito mais perfeito.

Eu te amo, e você sabe! Você diz que ninguém lembra de ti... Mas, como não lembrar, se eu nem consigo esquecer? Eu penso em ti, sempre... Sempre, sempre, sempre. Falo no teu nome religiosamente no minímo infinitas vezes. E falar de ti, é como me alimentar um pouco de vida, entende? Você é aquela paz que eu gostaria de ter, aliás, você é tudo o que eu mais gostaria de ter, hoje e sempre. E o sempre apareceu, quando teus olhos se apertaram e em teu rosto brotou o mais perfeito sorriso.

Eu faria tudo, absolutamente tudo, pra ver teu sorriso metade das vezes que eu vejo ao fechar os olhos. Sei decorado cada parte do teu rosto, e acho lindo esse teu sinal, que é inclusive quase milimetricamente posicionado igual ao que tenho no rosto. Lembro de você dançando, todo errado, com as mãos dentro dos bolsos da calça, arriscando passinhos country, e olhando com os olhos sorrateiramente baixos. Como eu não me apaixonaria por você?! Impossível não me apaixonar, e mais impossível ainda, te esquecer.

Seguinte... Minha cota diária de suspiros já se esgotaram desde o meio-dia, já estou ultrapassando todos os limites que coloquei para viver lúcida. Então, eu vou voltar para minha cama, que eu baguncei por não conseguir parar de pensar em você, e vou tentar dormir, para pelos menos sonhar contigo. Me abraça e me beija, nem que seja nos meus sonhos, e me faz acordar menos infeliz por não te ter. E ah, excedi novamente minha cota de lamentação. Chega de ser assim tão ridiculamente apaixonada, né?! Bom, pelo menos por hoje... Chega! Te vejo nos meus sonhos, Meu Mais Sincero e Eterno Amor.

[Rafaella Rocha]

P.S: Em que parte da minha vida, eu fiquei assim tão ridícula?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Em uma corda bamba de arame...



Dizem que o primeiro passo para resolver um problema, é reconhecê-lo, pois é, eu reconheço que meu maior problema sou eu mesma. Como assim?! Bom, eu sou a maior responsável por todas as minhas maiores feridas e cicatrizes, no final das contas eu sempre desafio o meu lado racional, mesmo sabendo que a maioria dos jogos já estavam perdidos antes mesmo de começarem. Vivo testando meus limites, me colocando em quartos emocionais escuros, grito alto para me assustar com o eco que se faz, e finjo correr de uma ameaça iminente. Sou eu que provoco meus próprios medos! Sou meu problema, mas sou também, minha solução. Tudo o que quero, está aqui dentro de mim...

É bem verdade que as vezes me sinto perseguida pelos outros, fico chateada quando me olham pelo canto dos olhos inutilmente colocando a mão por cima da boca para que eu não perceba que sou assunto. Mas, hoje vejo que criei isso, eu dei munição para armar esse arsenal. É pq também gosto de ser objeto de polêmica, tenho de admitir isso, só que isso não me define, aliás, ninguém é imutavelmente definível.

Se todos soubessem o que há aqui por dentro, isso o que insisto tanto em esconder, esse tanto de medo e receio de viver e ser, em um mundo totalmente superficial de sentimentos e pensamentos... acho que se soubessem, me entenderiam melhor, me julgariam menos, e seriam mais eles mesmos.

Cansa, sabe? Cansa mesmo, ter que entender o que é certo e errado, pq pra mim o certo e o errado, difere do que é certo e errado para alguns. É quando me pergunto, quem pode dizer que é errado ou certo? Lógico, bom senso é bom, e acho que geral tem, então não é tão absurdo o que se passa na cabeça de algumas pessoas diferentes, como eu. Sim, me sinto diferente, muito diferente. E fico péssima, quando tentam me fazer acreditar que eu sou um diferente ruim. Não, eu não vou aceitar que digam que sou pior, ou que é errado viver minha vida como me dá na telha. Não vou mesmo!

Prefiro mil vezes andar nessa corda bamba de arame, cortando meus pés, do que andar falsamente por um caminho trilhado por uma sociedade estúpida. E sim, eu sempre vou fazer o que me dá vontade, sempre irei pra onde quero ir, sempre. Nem que depois, eu caia de toda essa altura que insisto em subir, e me quebre inteira, ainda assim terei a vantagem de olhar tudo daqui de cima e ver o quão pequenos são, aqueles que tem medo dessa altura chamada VIDA.

[Rafaella Rocha]

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Le Petit Prince - Saint Exupéry.



E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra...
- Oh! não foi na Terra, disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
- Num outro planeta?
- Sim.
- Há caçadores nesse planeta?
- Não.
- Que bom! E galinhas?
- Também não.
- Nada é perfeito, suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia.
- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra.
O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito? perguntou o principezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias!
Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Ela á agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.

P.S: Não costumo postar o que eu não escrevo, mas minha mensagem está toda aí, em palavras de outro alguém. ;)