domingo, 1 de maio de 2011

E chove...




Sinto-me assim sempre cinza, sempre nublada, sempre chuvosa, sempre dolorosa, sempre sofrida e sempre agoniada. Trago no peito, um coração sem coração, um coração que desde sempre me maltrata, e que vai me maltratar pra sempre. Não sei por que me sinto assim, como me sinto, não sei por que sinto tanto, e não sei muito menos por que sinto tudo.


Usar um guarda-chuva colorido, não muda o fato de que continua chovendo fortemente e de forma destruidora aqui dentro de mim. Não importa o quanto eu disfarce, o quando eu esconda, o quanto eu sufoque, essa tempestade não cessa, e meus sorrisos já não silenciam meus trovões. Caminho sozinha, porque me parece menos cruel e estúpido, somente eu mesma, e às vezes nem eu mesma, consigo suportar minha própria companhia.


Sinto-me coberta de espinhos, qualquer proximidade comigo, machuca. Sem querer, eu machuco as pessoas que se aproximam de mim, e de tanto ver isso acontecendo, passei a afastar-las literalmente. E é difícil convencer-las de que o melhor lugar do mundo, é justamente aquele em que eu não estou. Quando vejo que finalmente acreditaram nisso, penso que estava certa ao pensar que eu não valia tanto a pena assim, e em um ciclo de certezas e dúvidas, vou me consumindo.


Nos ombros, o peso do mundo, o peso do meu mundo, o da minha angústia inexplicada, injustificada e incompreendida, as lágrimas incomodam minha visão, sinto essa tal dor física, meus joelhos já não aguentam, minha coluna não suporta e a minha alma assim, clama por um fim. Existe morfina para a alma?






(Rafaella Rocha)