segunda-feira, 18 de maio de 2009

Meio musicado...




Sabe aquele jeito gingado de andar, aquele balanço na voz, aquele cheiro moreno, tudo isso em câmera lenta? É assim que tu é, parece que tem alguém me zoando lá em cima, ligando o slow motion quando vem você andando em minha direção. É tudo cheio de efeitos especiais, tipo filme mesmo, é tão surreal. Quando tua mão de temperatura perfeita encontra a minha pele sedenta pela tua, surgem arrepios coreografados, regidos por tuas palavras e teu sotaque. Teus dedos saem entrelaçando meus cabelos e percorrendo minha nuca, me dando a certeza de que nenhum lugar do mundo seria mais perfeito do que ao teu lado.

Brisa de fim de tarde sentada de frente pro mar, em um doce dia de primavera, é assim que tu é pra mim, não só assim, mas muito isso. Me pego de bochechas doendo quando te vejo ao vivo, ou em um flash de pensamento. E essas borboletas voando aqui dentro? Você sai me agitando, plantando estações dentro de mim, e é claro que nesse embalo não vou falar das noites frias e mornas de inverno e outono. Hoje quero falar do que me fez pirar, vou falar do jeito que meus olhos viram ao sentir você, ao sentir qualquer pontinha real ou imaginária do teu ser.

Tarde de jazz com um pouco de soul, drink com champanhe, cores claras e adereços de cores fortes, é assim, é mais ou menos, bem menos, que pintam uma cena nossa. O laranja do sol se pondo, tocando tua pele e o vento ousado bagunçando teus cabelos, ai de mim, você vive me tirando o ar. Fico assim bem boba e muito louca ao te ver chegar, vem você e todo seu molejo, tirando tudo do seu devido lugar. Menino, você me entontece, me arrebata como tempestade, mas de tempestades não falarei, já disse. Vou me resumir àquilo que não se resume, esse cheiro amadeirado que tens, e a reação que provocas em cada uma de minhas células.

Te ouvir musicando, passando sorrateiramente os dedos pelas cordas desse violão (Oh, invejado violão!), e a rouquidão na medida certa de tua voz, me fazem crer muito em um céu aqui na terra. Talvez eu tenha mesmo meu próprio céu, com um deus bem humano cheio de suas perfeições imperfeitas, e é só você que com as duas mãos abre esse portão todo dourado de paraíso. Essa calça jeans e regata branca caem tão bem em você, mas o sorriso, ah, o sorriso é definitivamente a prova de que estou em teu céu. E aí, você abaixa a cabeça, levantando os olhos e me olhando timidamente, reparo na cicatriz perfeitamente feita no queixo, e devoto á ti toda a vida que tenho em mim.

É desse jeito meio bossa nova, bem rock'n'roll, ou sei lá, é tudo tão sonoro, de batidas e simetrias, perfeitas. Hum, tem um pouco de Bee Gees, tem U2, Diana Krall, Killers, Franz, ah, e Keane, claro... hummm... tem muito som, tem muito tudo. Sei lá, de novo, tu é aquela sensação gostosa, aquela paz que fecha os olhos, e ao mesmo tempo me vira a cabeça, e me faz gritar de dor. Mas prometi não falar de dor, agora só estou falando do meu amor, do meu amor por você.

Não me canso de admirar tua barba cerrada e teus cabelos negros, teu perfume com cheiro de chocolate escuro ao fundo, teu sinal no rosto parecendo capricho de um anjo danado ao te pintar. Fico aqui escrevendo, pausando as mãos no queixo e fechando os olhos pra te ver. Você me faz ter vontade de ir e não voltar, para um mundo aonde os tons sejam os nossos, sejam a mistura de nossas cores, com pitadas de tinta forte. E eu vou pra qualquer lugar, contigo eu vou.

És meio final de tarde, comecinho gostoso de noite, ou na verdade, és todas as horas do meu dia, és toda e cada respiração para me manter viva. És balanço de rede, ou cabeça deitadinha em travesseiro macio em cama macia. És banho gelado de chuveiro, ou um demorado e quente banho de banheira... És tudo, um tudo daquele bem tudo, és o meu pra sempre tudo, és minha taça de vinho pra sempre bom. És assim pra mim...


[17:31 6/5/2009 - Rafaella Rocha]

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Obrigada?




Não, eu não consigo evitar esse aperto que me dá no peito, quando vejo uma foto tua. Parece que meu coração cria mãos e se aperta todinho, numa intenção masoquista, de se sangrar. Sei lá, mas você me parece tão possível e tão imediatamente impossível, é estranho. É louco, muito louco isso que brota em mim, pareço transbordar de amor. É, eu transbordo de amor... Mas, o que transborda, cai dentro de mim, e em um ciclo insano, quanto mais transbordo amor, mais eu amo.


Andei esvaziando os cômodos do meu coração, sabe? Pra ver se esse peso sufocante passava, ou pelo menos diminuia. Esvaziei todos, menos um, justamente aquele em que resolvi te guardar. Forcei a porta, bati, implorei, mas você gritava lá de dentro e dizia que não sairia dali nunca. Você e todos seus dentes, se encaixando em uma moldura perfeita de sorriso, rindo de olhos fechados, e quando abertos repletos de malícia por me achar muito burra em pensar que poderia te tirar dali. Meu Deus, ele disse NUNCA! Como é que vou viver com você pra sempre dentro de mim?

É repetitivo, eu sei. Se as pessoas já estão cansadas de me ouvir (e ler, claro) falando teu nome e falando de toda essa magia chata que envolve a nossa história, imagina eu. Eu me canso, sério! Canso de sentir esse amor todo, esse amor grátis, esse amor "nada em troca", e o filho da mãe é intenso, e ao que parece, é mesmo infinito. É, estou realmente ferrada, não era bem assim que eu imaginava viver esse sentimento. Sempre li e vi que amor era algo muito bacana e tal, e até é, mas não desse tipo, esse que eu sinto é como doença sem cura.


Obrigada por me fazer insuportável, e por ter uma vontade infeliz de morrer sempre que lembro que você não estará ao meu lado quando eu acordar. Obrigada por me fazer tão cheia de sentimento, que preciso ser ridícula e escrever, escrever muito, para não enlouquecer. Obrigada por ser o objeto de minha adoração, e motivo de meus gritinhos internos ( e confesso, externos na maioria) toda vez que você fala comigo. Obrigada por ser lindo de doer, e perfeito ao ponto de me tornar tão obstinada em te amar.

Obrigada? Hum, pelo visto meu próximo desabafo será escrito direto do manicômio... Adeus resto de minha sanidade, te vejo correndo para bem longe de mim, me abandonando com essa loucura.


[Rafaella Rocha]

domingo, 3 de maio de 2009

Brincadeira...






Tantas vezes brincando nos dissémos: Cuidado pra não se apaixonar! E no fundo tudo o que queríamos mostrar um ao outro, era que nós éramos apaixonantes, mas "inapaixonáveis", e que isso se tornasse verdade pra nós dois. A gente sorria com essa possibilidade absurda de nascer uma paixão, cada um dava aquele tipo de sorriso imponente mostrando que não havia margem pra que isso acontecesse. Vieram os beijos de olhos mais fechados, os toques mais acarinhados, e uma certa vontade de ficar pertinho. Eu não percebi, você também não, ou percebemos mas não quisemos pedir o "stop" da brincadeira. Quando eu te contava da minha vida sem você, sentia que por alguns instantes tudo o que você queria era ficar surdo, ao invés de ter que sorrir pra mim com aquele jeitinho indiferente enquanto eu te falava de outros caras. Mas quando era a sua vez de falar sobre as "inhas", a boba aqui, já xingava a sua "da vez" quase que entregando aquele ciúme que me dava chutes no estômago. E assim, o tempo foi passando, e aquele papo de "não se apaixonar" ainda era o papo da gente. Eu ia pra balada, você saía pra beber, mas no final da noite nossos celulares sempre nos ligavam, e falar deitadinho na cama com o efeito do álcool, era bacana. Eu relutei em admitir, me forcei e me envolvi um pouco mais sério do que de costume com um amigo seu, fiz outra infinidade de besteiras do tipo garota "moderninha", e você não gostou, não gostou e até que enfim, admitiu. Bebeu, chorou, pediu, e eu ainda com aquilo de "não estou apaixonada e não ligo pra ninguém", zombei de ti achando que era apenas um momento um tanto quanto etílico demais.


Depois disso ainda, continuei batendo á sua porta com aquele sorriso de quem só queria uma boa noite na cama, e você fingindo que não ligava, sorria de volta. Assim, foi até nos cansarmos disso! Surgiu a mágoa de quem muito se calou, e você cansado, foi atrás das tantas outras, eu enlouquecidamente tomada por algo que nem sabia que era ciúme e dor de cotovelo, saí atropelando qualquer coisa só pra te atingir. No final das contas, acabava eu ficando ferida, e você ficando curado. Desespero! Era essa a sensação que acompanhava minhas ressacas, e aquela maldita amnésia alcóolica, que me deixava o resto do dia com um monte de interrogações idiotas na cabeça. E o pior era te ver vivendo sem a minha participação "não apaixonável" na tua vida, e lembrar que você parecia "se apaixonando", enquanto eu apenas brincava.


Opa, agora quem tinha acordado era eu, para um sonho do qual você não queria mais participar, era a minha vez de beber, chorar e pedir. E nossa! Como eu pedi! Lutei muito até ter de volta o teu sorriso "nem aí" do lado da minha cara de "tô toda aqui". Fui aguentando cada e toda mulherzinha nova, caladinha. Mas, tudo tem um limite e eu cheguei ao meu, resolvi te conquistar, usei de todas as artimanhas que conhecia e as que eu não conhecia também, até conseguir. Nós viramos um casal, daqueles bem apaixonados, aliás daqueles insuportávelmente apaixonados. Se brincar havia bolsa de apostas, para ver o quão pouco duraríamos, a maldita inveja alheia sempre nos rodeando. E como duas crianças nem aí com nada, brincavámos de descobrir quem tinha se apaixonado primeiro. Eu me arrisco a dizer, que nós já estavámos apaixonados quando resolvemos brincar disso, e nos escondemos durante todo esse tempo atrás dessa casca de "sem compromisso é apenas sexo". Durante meses, éramos eu e você, num mundinho só nosso, minha escova de dente vermelha do lado da sua, meu sabonete de erva doce no seu banheiro, e um travesseiro meu deixado na sua cama, ao lado do casal de sapinhos que te dei. É, a gente se bastava!


Demos certo durante um bom tempo, até que as mágoas da nossa amizade colorida, voltassem a doer e começamos a jogar na cara um do outro o que mais detestávamos. Foi quando tudo desandou, e eu pude ver que enquanto eu brincava de "não me apaixonar", eu AMEI, e perdi o único homem que realmente eu gostaria de me apaixonar, VOCÊ! São três e tantas da madrugada estou na varanda daqui de casa, Edith Piaf e todo esse maldito ar retrô das músicas dela tocando no mp3 (e a sensação de "Ah! Queria estar num café em Paris!", que ela me dá), um copo de Coca Zero (bem que podia ser champanhe, mas estava quente), um cigarro que está se queimando só, e essa saudade louca do sorriso indiferente e diferente que só você tem.


Hoje você já aprendeu, a não se apaixonar por mim, e eu só quero brincar de verdade de fazer você me amar, de verdade também. Pq quando me pego andando pra trás, vejo que é só pra poder cruzar com você novamente, e sentir um pouco daquele passado se fazendo presente, e finjo inutilmente que não ligo pra dor que sempre vem de brinde. Ainda uso o disfarce de "garota aluada" pra poder te ter, quando e quanto você me dá, é o único jeito de sentir você. Mas, nada me faria mais plena do que ser a sua "minha".


Aqui entre nós?! Quando eu deixo você me chamar de "minha", é pra ver se você volta a gostar disso e acredita que fui tua desde o primeiro beijo, mesmo quando a brincadeira era não sermos um do outro. Sei bem que deve ter alguma garotinha que suspira por você, e que teu ego acha isso o máximo. Mas, sei também que quando queres uma mulher pra te fazer sentir o homem que você quer ser, é em mim que pensas. Tem coisas que talvez, não vejas, ou mais uma vez não admitas, mas ainda faço parte de tudo aquilo que queres. Embora, eu me revire toda de ódio, quando apenas te imagino em outras bocas e em outros toques, ainda penso que você pode reaprender a me amar. Seria mais simples, começar do zero e conquistar um outro alguém, um alguém não imune á mim, mas é fazer parte do tudo o que sonhamos que quero, e é só contigo que quero e sei amar.



[Rafaella Rocha]
P.S: Texto antigo de momentos já passados, só pra atualizar.