Sabe aquele jeito gingado de andar, aquele balanço na voz, aquele cheiro moreno, tudo isso em câmera lenta? É assim que tu é, parece que tem alguém me zoando lá em cima, ligando o slow motion quando vem você andando em minha direção. É tudo cheio de efeitos especiais, tipo filme mesmo, é tão surreal. Quando tua mão de temperatura perfeita encontra a minha pele sedenta pela tua, surgem arrepios coreografados, regidos por tuas palavras e teu sotaque. Teus dedos saem entrelaçando meus cabelos e percorrendo minha nuca, me dando a certeza de que nenhum lugar do mundo seria mais perfeito do que ao teu lado.
Brisa de fim de tarde sentada de frente pro mar, em um doce dia de primavera, é assim que tu é pra mim, não só assim, mas muito isso. Me pego de bochechas doendo quando te vejo ao vivo, ou em um flash de pensamento. E essas borboletas voando aqui dentro? Você sai me agitando, plantando estações dentro de mim, e é claro que nesse embalo não vou falar das noites frias e mornas de inverno e outono. Hoje quero falar do que me fez pirar, vou falar do jeito que meus olhos viram ao sentir você, ao sentir qualquer pontinha real ou imaginária do teu ser.
Tarde de jazz com um pouco de soul, drink com champanhe, cores claras e adereços de cores fortes, é assim, é mais ou menos, bem menos, que pintam uma cena nossa. O laranja do sol se pondo, tocando tua pele e o vento ousado bagunçando teus cabelos, ai de mim, você vive me tirando o ar. Fico assim bem boba e muito louca ao te ver chegar, vem você e todo seu molejo, tirando tudo do seu devido lugar. Menino, você me entontece, me arrebata como tempestade, mas de tempestades não falarei, já disse. Vou me resumir àquilo que não se resume, esse cheiro amadeirado que tens, e a reação que provocas em cada uma de minhas células.
Te ouvir musicando, passando sorrateiramente os dedos pelas cordas desse violão (Oh, invejado violão!), e a rouquidão na medida certa de tua voz, me fazem crer muito em um céu aqui na terra. Talvez eu tenha mesmo meu próprio céu, com um deus bem humano cheio de suas perfeições imperfeitas, e é só você que com as duas mãos abre esse portão todo dourado de paraíso. Essa calça jeans e regata branca caem tão bem em você, mas o sorriso, ah, o sorriso é definitivamente a prova de que estou em teu céu. E aí, você abaixa a cabeça, levantando os olhos e me olhando timidamente, reparo na cicatriz perfeitamente feita no queixo, e devoto á ti toda a vida que tenho em mim.
É desse jeito meio bossa nova, bem rock'n'roll, ou sei lá, é tudo tão sonoro, de batidas e simetrias, perfeitas. Hum, tem um pouco de Bee Gees, tem U2, Diana Krall, Killers, Franz, ah, e Keane, claro... hummm... tem muito som, tem muito tudo. Sei lá, de novo, tu é aquela sensação gostosa, aquela paz que fecha os olhos, e ao mesmo tempo me vira a cabeça, e me faz gritar de dor. Mas prometi não falar de dor, agora só estou falando do meu amor, do meu amor por você.
Não me canso de admirar tua barba cerrada e teus cabelos negros, teu perfume com cheiro de chocolate escuro ao fundo, teu sinal no rosto parecendo capricho de um anjo danado ao te pintar. Fico aqui escrevendo, pausando as mãos no queixo e fechando os olhos pra te ver. Você me faz ter vontade de ir e não voltar, para um mundo aonde os tons sejam os nossos, sejam a mistura de nossas cores, com pitadas de tinta forte. E eu vou pra qualquer lugar, contigo eu vou.
És meio final de tarde, comecinho gostoso de noite, ou na verdade, és todas as horas do meu dia, és toda e cada respiração para me manter viva. És balanço de rede, ou cabeça deitadinha em travesseiro macio em cama macia. És banho gelado de chuveiro, ou um demorado e quente banho de banheira... És tudo, um tudo daquele bem tudo, és o meu pra sempre tudo, és minha taça de vinho pra sempre bom. És assim pra mim...
[17:31 6/5/2009 - Rafaella Rocha]